Resumo: a experiência traumática de abandono por parte do objeto, que decepciona o bebê despreparado, no momento ainda de uma relação em espelho, pode provocar uma dor psíquica, como uma ferida com potencial para causar dor novamente. Frente às ameaças do objeto traumático e da própria pulsionalidade, o Eu coloca em ação seus recursos defensivos, direcionando sua pulsão de destruição para o objeto externo e o interno. Mas apesar desse confronto, é impossível separar-se do objeto, pois perdê-lo é ainda perder a si mesmo e vemos então, paradoxalmente, uma luta contra a possibilidade de ver-se afastado dele, contra qualquer ameaça antiunitária e um estado não-integrado. E é na eminência dessa loucura que o Eu pode recorrer à dor como forma de existência. Tal dinâmica é problematizada a partir de um caso clínico, levando-se em conta aspectos da constituição do narcisismo, do masoquismo e de sua modalidade mortífera, articulados a partir das ideias de Freud, Ferenczi, Green e Rosenberg.
A dor na constituição do narcisismo
Artigo publicado nos Anais do VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2014. Setembro 2014.