Artigo publicado nos Anais do VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2014. Setembro 2014.
Masoquismo erógeno: entre o tempo da dor e o tempo da espera
Resumo: as considerações teórico-clínicas acerca do conceito de masoquismo indicam não apenas sua presença em diversas formações psicopatológicas, como também sua inscrição num modelo fundamental de prazer, necessário à fundação do psiquismo e à formação do si mesmo. Será neste breve estudo sobre o fenômeno do masoquismo erógeno primário – onde paradoxalmente combinam-se em seu interior as experiências de prazer e desprazer – que investigaremos a ideia de suportabilidade diante do desamparo primário (Hilflosigkeit) e das tensões inevitáveis de dor. Isto implicaria em aprender a suportar as excitações numa temporalidade específica que assegure, sobretudo, a experiência de integração e continuidade psíquica. Como uma possível solução desta espera-adiamento da satisfação, vemos então surgir a satisfação alucinatória do desejo ou, numa concepção postulada pela escola inglesa, a capacidade de ilusão e ação criativa.
Artigo publicado nos Anais do V Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XI Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2012. Setembro 2012.
As experiências primordiais com o outro no restauro do corpo traumático
Resumo: O trabalho propõe uma reflexão sobre pacientes hospitalizados, cujo estado de imobilidade e vulnerabilidade corporal demandam a necessidade de um outro cuidador e convocam o sujeito a revisitar alguns pontos de seu desenvolvimento psíquico. Seria possível, então, compreender o movimento de restauro do corpo traumatizado à luz daquelas primeiras experiências relacionais do bebê com o outro maternal? Que características específicas da organização oral podem ser libidinizadas pelo paciente nesta atual e delicada condição? Tais questões são articuladas à análise de fragmentos clínicos que ilustram manifestações de recusa e estranhamento sobre as necessidades do próprio corpo, num excessivo controle do que entra ou sai de si, bem como de um investimento restritivo nas relações de trocas subjetivas com o outro.