Artigo publicado nos Anais do VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2014. Setembro 2014.
Resumo: a experiência traumática de abandono por parte do objeto, que decepciona o bebê despreparado, no momento ainda de uma relação em espelho, pode provocar uma dor psíquica, como uma ferida com potencial para causar dor novamente. Frente às ameaças do objeto traumático e da própria pulsionalidade, o Eu coloca em ação seus recursos defensivos, direcionando sua pulsão de destruição para o objeto externo e o interno. Mas apesar desse confronto, é impossível separar-se do objeto, pois perdê-lo é ainda perder a si mesmo e vemos então, paradoxalmente, uma luta contra a possibilidade de ver-se afastado dele, contra qualquer ameaça antiunitária e um estado não-integrado. E é na eminência dessa loucura que o Eu pode recorrer à dor como forma de existência. Tal dinâmica é problematizada a partir de um caso clínico, levando-se em conta aspectos da constituição do narcisismo, do masoquismo e de sua modalidade mortífera, articulados a partir das ideias de Freud, Ferenczi, Green e Rosenberg.
Artigo publicado nos Anais do VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2014. Setembro 2014.
Resumo: este trabalho procura destacar como os sacrifícios materiais para a constituição de uma imagem corporal adequada ao ideal de eu (viabilizada pelas novas técnicas cirúrgicas) podem nos indicar que direção as fantasias inconscientes percorrem na busca de sua meta de satisfação. A questão central que pretendemos investigar é, portanto, acerca da relação das fantasias – aqui compreendidas como produção da linguagem que revela, a um só tempo, o assujeitamento estrutural à realidade do significante e a produção do sujeito que busca responder à falta do Outro – e o masoquismo feminino. Sabemos que o masoquismo feminino refere-se aos fantasmas produzidos pelo sujeito a partir da identificação feminina, que por sua vez se caracteriza pela posição da castração. Sob esse ponto de vista, um dos efeitos do masoquismo feminino seria o de colocar-se no lugar de objeto da fantasia masculina. Nesse sentido, podemos especular se o masoquismo feminino não consolidaria atualmente uma das figuras preponderantes de subjetivação na contemporaneidade.
Artigo publicado nos Anais do VI Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental 2014. Setembro 2014.
Masoquismo erógeno: entre o tempo da dor e o tempo da espera
Resumo: as considerações teórico-clínicas acerca do conceito de masoquismo indicam não apenas sua presença em diversas formações psicopatológicas, como também sua inscrição num modelo fundamental de prazer, necessário à fundação do psiquismo e à formação do si mesmo. Será neste breve estudo sobre o fenômeno do masoquismo erógeno primário – onde paradoxalmente combinam-se em seu interior as experiências de prazer e desprazer – que investigaremos a ideia de suportabilidade diante do desamparo primário (Hilflosigkeit) e das tensões inevitáveis de dor. Isto implicaria em aprender a suportar as excitações numa temporalidade específica que assegure, sobretudo, a experiência de integração e continuidade psíquica. Como uma possível solução desta espera-adiamento da satisfação, vemos então surgir a satisfação alucinatória do desejo ou, numa concepção postulada pela escola inglesa, a capacidade de ilusão e ação criativa.